quarta-feira, 20 de maio de 2009

Oração

Oculta-me a falta,
Regeita-me a saudade,
Preenche a minha pele com a tua intensidade,
Viaja comido para céus distantes.
Vamos navegar neste nosso mar de magia
De mãos dadas, unidos, apaixonados,
Abraçados na mesma cegueira
Guiados pelo mesmo amor.
Sentes-me?
Sim toco-te intensamente,
Loucamente…
Desejo-te hoje, quero-te perto do meu toque,
Sinto necessidade, vontade a arrepiar a pele.
Virtuosamente vejo-te
És a perfeição vista por Picasso,
A magia do amanhecer,
A sinfonia da primavera.
Sei ser abençoada constantemente,
Meus anjos de luz te colocaram em mim
E deixam permanecer
És a vida, o sonho, o suspirar
És o desejo, o deserto, o mar
És a vida escrita em papiro,
És o meu acordar, meu sangue.
És amor… meu amor… meu sorriso

1 comentário:

  1. Amo como o amor ama.
    Não sei razão pra amar-te mais que amar-te.
    Que queres que te diga mais que te amo,
    Se o que quero dizer-te é que te amo?

    ....................................

    Quando te falo , dói-me que respondas
    Ao que te digo e não ao meu amor.

    ....................................

    Ah! não perguntes nada; antes me fala
    De tal maneira, que, se eu fôra surda,
    Te ouvisse todo com o coração.

    Se te vejo não sei quem sou : eu amo.
    Se me faltas (...)
    ... Mas tu fazes, amor, por me faltares
    Mesmo estando comigo, pois perguntas -
    Quando é amar que deves. Se não amas,
    Mostra-te indiferente, ou não me queiras,

    Mas tu és como nunca ninguém foi,
    Pois procuras o amor pra não amar,
    E, se me buscas, é como se eu só fosse
    Alguém pra te falar de quem tu amas.

    ......................................

    Quando te vi amei-te já muito antes.
    Tornei a achar-te quando te encontrei.
    Nasci pra ti antes de haver o mundo.
    Não há cousa feliz ou hora alegre
    Que eu tenha tido pela vida fora,
    Que o não fosse porque te previa,
    Porque dormias nela tu futuro.

    ......................................
    ......................................
    ......................................


    Fernando Pessoa

    (in "Obra Poética", Primeiro Fausto)

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