segunda-feira, 22 de junho de 2009

doce tentação

deito o corpo pesado na relva molhada da orvalhada,amanhece aqui!
sabe bem deitar a vida toda pelas mãos geladas,
sacudir os cabelos ondulados ao vento e saborear a aura.
olho a minha tenda montada, não me pertence por momentos.
sou livre aqui ou em qualquer outro lugar do mundo,
definitivamente livre,mas tão prisioneira.
estou acorrentada pelo mundo sub-desenvolvido,
por mentes pouco abertas e frases ditas a séculos.
são vós que desmaiam o mundo, mas já não me incomoda,
despeço-me de vós e de toda a vossa ignorância neste banho de rio...
hoje o sol nasce mais uma vez só para mim,e é tão bom estar aqui.
hoje sou a água que corre neste rio,
o vento que abana os juncos e cedros,
sou os peixes que pedem comida quando me mordem a pele,
sou a lua a despedir-se ou mesmo a fogueira que se apagou.
sou toda vida e vivo para passear a vida,
contemplar o que me resta, e, que é tanto.
ontem olhei a chama fogosa e pensei em filosofar,
até nas cinzas há intensidade, devaneio, amor, ódio, desgaste e ternura, complexidades mistas, arrepios a soluçar nas entranhas do olhar,
há caricias, amizade, compreensão, solidão, mentira.
há uma vida inteira por decifrar ou até já decifrada.
recordei "na vida nada muda, tudo se transforma".
mas hoje fecho o livro dos sonhos,
rapto o planeta da órbita, hoje vai ser a minha maneira!
sinto a doçura do canto dos pássaros,
mando um seixo aos saltos sobre as águas calmas desta ribeira.
sinto-me apaixonada, novamente numa ilusão profunda e diagnosticada,
sou preenchida, contemplada, orgulho...
sou simplesmente eu... eu a acordar para uma outra vida.

carinhosamente

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