segunda-feira, 8 de junho de 2009

e depois do adeus?



Faz hoje precisamente um mês, um mês inteiro de abstinência, de contradição, um mês inteiro… terminei uma relação de doce intimide de mais de 9 anos com o tabaco. Sim não nego, estou um pouco orgulhosa de mim mesma, mas também não acho que seja assim um feito tão grande, é apenas um desafio arrojado.
Mantive essa cumplicidade estreita durante longos anos, a verdade é que ele esteve sempre presente, nas horas de loucura e diversão e nos momentos mais sombrios, até em momentos sem importância alguma. Verdade é que é uma ligação forte, alguns chamam-lhe vício, eu prefiro num modo mais carinhoso chamar-lhe relação íntima.
Confesso que não pensei em terminar ou abdicar, quando dei por mim já estava a faze-lo, digamos que os nossos dias tinham caído numa rotina tão monótona que já nem havia prazer em cada encontro, era consumir por mero consumismo.
Os primeiros dias foram sim, foram os mais dolorosos, se é que se pode chamar de dor a algo que inconscientemente desejamos. Entra-se num género de ressaca controlável, de ansiedade, de motivações semi-suicidas, mas depois passa, é mesmo só os primeiros dias. Hoje sorrio só de lembrar…
Não houve motivo algum para deixar e se existiu algum para começar não me recordo, sei sim que o meu 1º cigarro foi com o mano mais velho e com mais 2 primas afastadas, nós os 4 tinha-mos na altura um grupo secreto, daqueles que se tem instalações e se tem que dizer frase secreta antes de entrar, etc. coisas de miúdos. Sei que a sensação não foi a melhor, fui atacada por uma tosse que tendia a não terminar nunca, rebeldia talvez, ingenuidade de certeza.
Mas foi com 13 anos que no meio de amigos mais velhos comprei o meu 1º maço, e recordo-me perfeitamente da “crista gigantesca” que fiquei, era o género de coisas que chamávamos de independência ou algo do género… Sei apenas que nunca mais parei, e se houve afastamento foi por breves dias, e o reencontro prometia-se muito intenso.
Houve quem me perguntasse o porque de fumar, tive namorados que simplesmente detestavam, a minha família fechava os olhos e dizia nada saber, e a mãe pendurava no nariz todas as molas do estendal, só para continuar naquilo que se poderá dar o nome de “o que os olhos não vêem o coração não sente”, era tudo mais tranquilo assim, os amigos não fumadores incentivavam-me constantemente a deixar… mas como poderia dar uma razão lógica para fumar se não existe nenhuma? Cheguei a dizer que fumar estimula o cérebro, é uma verdade comprovada mas para mim não tinha assim tanta realidade. Fumava sim porque gosto, gosto do cheiro do tabaco, apreciava cada encontro, cada inicio cada “matar”, e não havia noite que não dormisse com ele por perto. Ainda hoje sinto o acariciar de cada cigarro nos meus dedos, nos meus lábios, e sim, sinto falta e a falta traz a saudade, mas sei que consigo sobreviver sem, então para que proporcionar mais um encontro repentino? Não digo que não possa voltar a acontecer, mas ai será mais loucura que a 1ª passa que dei.
Posso parecer insensível ou até ignorante, mas para mim é como recomeçar depois de terminar uma relação amorosa com alguém, perde-se todo o chão, todas as bases, o mundo desaba, as lágrimas rolam, as lembranças assombram-nos, mas depois da 1ª noite de sono o castelo volta a se erguer lentamente ao sabor do vento, e tudo começa a fazer mais sentido.
Terminei uma relação de mais de 9 anos, é complicado sim, mas custa menos do que se espera.

Carinhosamente

3 comentários:

  1. Má,
    Parabéns... Com certeza é muito difícil, mas é como você disse o primeiro passo já foi dado... eu também estou batalhando para largar o vicío da gula... rsrsrs estou com uns pesos acima, já comecei a fazer caminhada, e a diminuir na comida e até o final do ano pretendo está com o meu peso ideal... vamos vencer esse vicío... Novamente meus parabéns, mas uma luta ganha e venceremos essa guerra... nada como um dia ápos o outro....

    Um Beijão.

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  2. Inveja!! A minha relação dura à 12 anos, mais coisa, menos coisa... e já tentei por diversas vezes deixar. Sempre sem sucesso.
    Achei curioso a analogia com as relações emocionais e, ainda não tendo passado pelo fim e recomeço de uma relação, consigo perceber a analogia. Tal como com o tabaco, porque raio ía terminar uma relação que me faz mal e ainda assim adoro tê-la?
    Vida lixada, vida lixada!

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  3. Ai os vícios, todos os temos e são indispensáveis, desde os pequenos hábitos de rotina, passando pelas relações, comidas até certas e determinadas coisas :)

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